E a última atividade do Segundo Congresso Educação Criativa e Gamificação foi uma palestra ministrada por Adriana Melo, diretora da ECDD e autora do livro “Design Thinking & Thinking Design: Metodologia, ferramentas e uma reflexão sobre o tema”. A atividade, sobre Design Thinking, foi algo muito além… A Profª Adriana falou que aquilo não era uma palestra, que não só ela, como todos presentes, “estavam ali para trabalhar”.
A professora inicia o workshop dizendo “agora a gente vai criar” e é exatamente isso que ela acontece. Apesar de seu tempo limitado, Profª Melo vai além de uma explicação sobre o uso de design thinking para inovar a relação ensino-aprendizagem; ela divide o palco com todos os participantes, pedindo que fizessem exercícios sobre o assunto.
Antes de começar qualquer explicação, ela pede que compartilhem 3 palavras que estariam conectadas a design thinking. A partir das respostas, ela criou uma nuvem com tudo que foi dito, inclusive um simples e honesto “não tenho ideia”.
Em seguida, a professora apresenta uma definição para o termo “Design Thinking”, criada pelos seus próprios alunos em um outro treinamento. O desafio era escrever em até 140 caracteres (limite de caracteres do Twitter há um tempo atrás) o que seria Design Thinking. Adriana explica como o conceito pode parecer complexo ou confuso, por isso, fez questão de propor essa atividade para chegarem a uma definição simples e clara: “É uma metodologia que tem como objetivo gerar soluções inovadoras para problemas complexos. Coloca as pessoas (no caso, o aluno) no centro do processo.” Ela explica que alguns autores optam por utilizar o termo “abordagem” ao invés de “metodologia”, porém, para Adriana, a segunda opção é mais didática e, portanto, mais fácil de ser compreendida e aplicada.
É claro que simplesmente definir o que é design thinking não é o suficiente. É preciso entender como alguém pode atingir essas soluções inovadoras. Em sua apresentação, a professora explica que, primeiro é necessário estar atento a três questões essenciais para qualquer solução bem sucedida: a viabilidade técnica, ou seja, se a proposta é tecnicamente possível de ser implementada; a viabilidade econômica, nesse caso acadêmica; e, a questão mais complicada: a desejabilidade, o que o cliente, aluno, realmente quer?
A Profª Adriana explica as três etapas de design thinking: imersão, cocriação e prototipação, dando exemplos sobre as diferentes ferramentas que podem ser utilizadas em cada momento. Entre as tarefas, há a criação de um mapa de empatia, um resumo de todas as informações aprendidas durante o processo de imersão com o intuito de chegar em uma conclusão sobre todo esse aprendizado e identificar qualquer problema – ou oportunidade de melhoria – que possa existir. É nesse momento que Profª Adriana transformou sua palestra em um workshop, dividiu os participantes em 6 grupos e pediu para que eles criassem um mapa de empatia e trouxessem 3 problemas que já puderam identificar em suas escolas.
O resultado é espetacular, com cada grupo trazendo visões, relatos e experiências diversas. Ao final, foram selecionados cinco entre todos os problemas apresentados, sendo eles aceitação, falta de motivação, depressão, insegurança e falta de limites. A palestrante explicou que é neste momento que a segunda etapa, cocriação, começa. Após identificado o problema, é preciso pensar em formas inovadoras de solucioná-los, e que o melhor para isso é um brainstorm, ou “toró-de-parpites”, como o Profº Alexander Francisco diz. A Profª Adriana apresenta dicas importantes para mediar um bom brainstorm, explicando a importância de não rejeitar nada e incentivar ideias “malucas” e “absurdas”, pois só assim será possível atingir soluções realmente inovadoras, inusitadas.
E então, o workshop continuou, dividindo todos em cinco grupos, distribuindo cada problema para um grupo e pedindo que pensassem em ideias para solucioná-los. Apesar de só terem tido 10 minutos, os participantes trouxeram ótimas ideias, desde “abraços digitais” até criar uma atividade onde os alunos pintassem uns aos outros. Todos estavam muito engajados e animados, expressando suas ideias sem medo.
Infelizmente, a terceira etapa, de prototipação, exigiria tempo demais para um único workshop, então não foi possível fazer outro exercício. Mas, a Profª Adriana trouxe uma série de exemplos para explicar como funciona o processo de criação de um protótipo, assim como a coleta de feedback que vem a seguir. Para concluir, ela lista algumas das habilidades ideais para aplicar o design thinking, como liderança, foco, empatia, adaptabilidade e organização. Ela enfatiza que, apesar da imensidade de ferramentas úteis, tudo o que é preciso para o design thinking é papel e caneta e como qualquer um é capaz de seguir essa metodologia, contanto que haja dedicação para o aprendizado. Adriana também enfatiza que o “design thinking tem como essência a pessoa”, nesse caso o aluno, e a importância de nunca se esquecer disso. As soluções são para melhorar a experiência do aluno e, portanto, não se pode esquecer de incluir o mesmo durante todo o processo.
A palestra, ou melhor, workshop, foi um grande sucesso. Os participantes se divertiram e, apesar da surpresa, ficaram felizes com seus exercícios. A gama de experiências foi essencial para os debates e a Profª Adriana fez um ótimo trabalho liderando o processo.