VIDA NA ESCOLA

Festival Méliès de Cinema e Animação (1º dia): Storyboard e Mercado

Nossos alunos Marcos Nogueira e Ronaldo Júnior da graduação de Produção Multimídia: Design de Animação organizaram um evento e tanto: o Festival Méliès de Cinema e Animação! 

Dentre os convidados, tivemos renomados palestrantes do mundo das animações. No primeiro dia, contamos com a participação do storyboarder Israel Oliveira e dos animadores André Dias e Rafael Pires.

Israel de Oliveira             
Rafael Pires
Marcos Nogueira mediador do Festival            
André Dias

Sem dúvidas um bate-papo repleto de conhecimentos e dicas para nossos alunos.

 

Na abertura do evento tivemos a oportunidade de conhecer melhor Israel de Oliveira, storyboarder que trabalhou na série Cupcake & Dino e Oswaldo. Israel contou um pouco sobre a etapa de storyboard e roteiro, enfatizando como elas são importantes para um estúdio, exercendo o papel de uma diretriz criativa e de planejamento para todos os departamentos da criação.

 

De acordo com ele, os estúdios perceberam que quanto mais tempo e dinheiro você investe no departamento de storyboard, mais você consegue resolver todos os problemas que travariam a produção lá na frente.

Artes Israel de Oliveira: https://www.behance.net/novonewisr7e16

“Você consegue ver se o filme vai ficar caro, quais exigências de número de layouts de cenário e o rigging do personagem. É importante o board, pois será visto não só por pessoas que entendem de arte, mas para possíveis investidores”, disse Israel.

 

Israel disse ainda que o storyboard tem um peso quase contratual em determinadas produções e que o argumento para mudanças em grandes produções, muitas vezes são pautadas no board.

 

Durante o evento, assistimos um breve trecho da série Cupcake & Dino, onde no conceito vemos dois irmãos, um dinossauro e um cupcake. Personagens que trabalham em serviços gerais e amam estar juntos.

Animatic Cupcake & Dino

O palestrante nos contou que o mais importante é saber qual o sentimento da cena, o que ela transmite. Ao recebermos um roteiro, não devemos apenas ler o conteúdo, mas devemos saber interpretar bem o que está nele, os sentimentos que são passados ali.

 

“O nosso desenho é o que realmente faz a diferença. Assim como conhecer muito das ferramentas da cinematografia e de sua linguagem. Quanto mais filmes plurais nós assistimos, mais estímulos cinematográficos e narrativas irão influenciar nosso trabalho”.

 

Possuir a técnica para realizar o trabalho é um conhecimento básico de acordo com o palestrante Os bons diretores procuram uma pessoa que possua identidade, com um trabalho original e que demonstre personalidade.

 

Durante o evento, abrimos espaço para dúvidas dos participantes. Abaixo, podemos ver algumas das questões respondidas por Israel de Oliveira:

Durante o evento, abrimos espaço para dúvidas dos participantes. Abaixo, podemos ver algumas das questões respondidas por Israel de Oliveira:


  • O mercado de animação foca em um estilo próprio ou quem possui um estilo mais autoral também consegue se destacar? 

            Reidiner, aluno de Produção Multimídia da ECDD

 

“O importante é ter uma identidade de cinematografia. Em relação ao design, quanto mais você entende os fundamentos, maior a facilidade de migrar de um design para outro. De um projeto para o outro muda muito a identidade visual. É crucial você saber adaptar o seu traço para o model de cada projeto onde você está inserido.”


  • Qual a diferença entre um board e um animatic?

            Iago, participante 

 

“Antigamente os storyboards eram feitos em papeizinhos em uma lousa, sendo um seguido do outro. Com o computador, você dá o play naqueles desenhos em sequência. Animatic é a etapa antes de já ir para o animador, com efeito de som.”


  • Como descobrir o seu estilo de desenho?

            Gabriel, participante 

 

“Quando você desenha e se sente muito feliz com tudo que foi criado. É pegar todas as referências do que você gosta e pensar em outras soluções.” 

 

Como segundo palestrante do dia, tivemos Rafael Pires, ilustrador com 13 anos de experiência no mercado. Ele nos conta que iniciou sua trajetória com caricaturas em eventos e depois passou para o mercado editorial. Logo após concluir sua graduação em cinema de animação pela UFMG, começou a trabalhar com o mercado de animação fazendo motion, animação frame a frame e clean up. Desde novembro de 2020 ele está todos os dias na internet falando sobre as dificuldades que teve ao longo de sua vida e dando dicas sobre como ter uma vida e um trabalho em equilíbrio.

O terceiro palestrante, André Dias, se une à conversa e fala também um pouco sobre sua caminhada e experiência como animador. Ele nos conta que atualmente trabalha com a State Design de Los Angeles, e também dá dicas para atrair novos clientes, principalmente via Twitter.

Trabalhando como motion designer para a Conspiração filmes de Minas Gerais, nos conta que se formou em design gráfico. Após a conclusão da graduação, decidiu que queria tentar outro ramo. 

 

“Talvez o Rafael Pires nem saiba, mas ele foi uma das minhas inspirações. Comecei a estudar animação mais para ser um plano B, que acabou virando minha principal opção. Nesse meio tempo fui para São Paulo e trabalhei na Birdo”, disse André.


  • Vocês acreditam que a pandemia e a normalização do home office facilitou o trabalho em casa?

            Marcos Nogueira, mediador do Festival Méliès

         

Rafael respondeu que facilitou muito, contando que agora para você chegar em um cliente e mostrar o seu portfólio tudo é bem mais simples. Relatou também que os amigos dele nesta área também consideram que no momento, tudo se tornou mais fácil.

 

André considera que melhorou 100%, dizendo que antes para fazer uma peça de publicidade gerava aglomeração e chegou um momento onde isso não era mais possível. De acordo com ele, foram muitos produtores buscando contratar animadores. Globalmente a demanda de animação explodiu na pandemia. Seus amigos disseram que a quantidade de e-mail que eles recebem normalmente duplicou. Contratar um americano remoto ou um brasileiro, passou a não fazer tanta diferença. As pessoas estão vendo que tem pessoas talentosas fora deste eixo e com um valor mais competitivo.


  • Como vocês veem as necessidades artísticas da carreira de animador? Ainda vale a pena investir em um aprendizado acadêmico de arte para a carreira de animação

Marcos Nogueira, mediador do Festival Méliès

 

Rafael conta que com toda certeza vale a pena, a pluralidade de opções de animações é mais vasta. Nós temos no After Effects o cut out e no Toom Boom o animate. O palestrante contou que aprendeu a fazer no papel e para ele fez muita diferença. Entrou no mercado internacional fazendo keys com publicidade, e depois aos poucos migrou para o clean up. Todo conhecimento e bagagem adquiridos por ele o ajudaram muito. Tem mercado para todos, para frame a frame e tem para quem quer mexer nos keys e curvas de expressão.

 

André concordou plenamente. Relata que, apesar de nunca ter mexido no papel e não ter se formado em uma faculdade de animação, acredita que definitivamente um conhecimento de gesture drawing, desenho, anatomia e desenho de observação são super válidos. 

 

“Pular uma etapa dessa tão importante certamente trará uma dificuldade lá na frente. Acho fundamental.” diz André.

 

O palestrante acrescenta dizendo que é fundamental saber animar no papel hoje em dia. Citando como exemplo o Klaus, desenho no qual muitos animadores foram contratados e precisaram aprender Toon Boom, pois eram animadores mais tradicionais. Devemos levar em consideração também que animação no papel não tem alguns atalhos que tem no Flash e no Toon Boom. 

 

De acordo com Rafael, o papel não difere muito do Toon Boom, pois tudo que é feito no papel pode ser aplicado no software e até um pouco mais. Completa dizendo que os profissionais que começaram na animação tradicional conseguem facilmente fazer a transição. Sendo basicamente o mesmo feito na mesa de luz, só desta vez em um meio digital. Ressalta que, um cuidado importante é não se habituar às facilidades apresentadas por estes programas. O ideal seria passar por todos estes programas e aprender as peculiaridades de cada um.


  • Como podemos embarcar no mercado internacional?

            Marcos Nogueira, mediador do Festival Méliès

 

André Dias diz “Eu acho que não tem muito mistério, existe muito mais um medo nosso de que é uma coisa muito difícil e de que eles não contratam brasileiros ou de não ter um inglês muito bom. Na verdade, eu achava isso também e é na verdade muito mais fácil do que se imagina. Se você tem um trabalho que condiz com a expectativa da empresa e mandar e-mail, você pode ter uma resposta positiva e começar a trabalhar.”

 

O palestrante acrescenta, dizendo que seu inglês não é tão bom e que ele tem trabalhado com clientes internacionais. Enfatiza que o importante é você fazer um trabalho bem feito, no prazo, ter uma boa atitude e se expor para o mundo.

 

Rafael Pires concorda “Eu tenho que assinar embaixo de tudo que o André falou, foi maravilhoso, eu trabalho com clientes gringos há pelo menos oito anos e até hoje meu inglés é péssimo. Hoje eu consigo ler, interpretar, escrever bem melhor do que antes, mas o importante realmente é correr atrás desse cliente.”

 

Ele menciona uma teoria chamada a chave e o cadeado e diz “sempre que você vai criar ou tentar atender um público, é muito melhor você conhecer o cadeado que você quer abrir antes de você produzir a chave. Desta forma, é muito mais fácil do que tentar o contrário. Conheça seu cliente, conheça a demanda deles e o estilo que eles precisam. Então produza uma animação, um portfólio que mostre que você tem o que eles precisam”.



  • Quando saber se estou pronto para pegar freelas nacionais e internacionais e de empresas maiores? 

Marcos Nogueira, mediador do Festival Méliès

 

Na opinião de André, depende, ele acredita que se esperarmos o momento certo para acontecer, este momento pode passar.  Claro que é importante ter autocrítica, em alguns momentos ele achava que o trabalho poderia melhorar, mas disse que é importante também tentar.

 

“Em alguns momentos nós achamos que não estamos prontos, mas estamos. Importante também é pedir a opinião de alguém mais experiente e ver para melhorar o que temos mais dificuldade.”

 

Uau! Curtiu até aqui? Pois temos ainda mais dicas para vocês…


Saiba mais sobre o segundo dia do Festival Méliès de Cinema e Animação, onde tivemos a presença do animador tradicional e diretor de animação Carlos Luzzi, do diretor e realizador audiovisual independente JC Oliveira e do diretor e produtor de animação 3D – especialista na nova fronteira da Realidade Virtual, Ranz Ranzenberger.

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